quarta-feira, abril 09, 2014

Apetite astral

Começar um texto é sempre um passo terrível.
É horrível começar a por uma ideia em linhas, sem antes conseguir saber se será poema, poesia, conto ou simples anedota. A pior parte é lutar contra o impeto brincalhão e preguiçoso da mente, as rimas. Ah, as rimas, que ódio delas. Mas enfim, agora será poesia, decidido foi e, não posso deixar de incluir este breve diálogo em minha poesia. Não consigo. Não lendo algo escrito por Tolkien, que diga-se de passagem, é quase um deus das introduções maravilhosas.

Enfim, já puxei "sardinha" pro lado de um escritor que sou fã, e também logo deixo uma breve citação que ao contrário de todo esse blá blá blá, tem relação com minha poesia.

"Essa é a coisa que tudo devora
Feras, aves, plantas, flora.
Aço e ferro são sua comida,
E a dura pedra por ele moída,
Aos reis abate, a cidade arruína,
E a alta montanha faz pequenina. "(Gollum)

Que é que comem as estrelas?
comem pó do espaço e fazem luz?
comem cometas errantes e desavisados?

De que se alimentam as solitarias estrelas?
dos anéis que saturno não comeu?
das sondas que já não funcionam?

A luz das estrelas leva milhares de anos pra chegar
pra vir do ínfimo buraco do telescópio, até as iris mais apaixonadas.

É bem verdade que demora muito
muitas estrelas ao chegar, na verdade já partiram.
O tempo as devora, como devora também a nós.

Mas... do que se alimentam as estrelas?
Elas comem, eu sei.
Você tem de se alimentar se quiser brilhar

Enquanto elas comem, eu e você comemos, e o tempo também come.
Não no sentido infantil, que os débeis e burros utilizam pra a palavra comer
Elas, nós, todos, se alimentam.

Elas comem tempo!
elas comem seus olhos
elas comem aquele dia em que você segurou minha mão
elas comem sua pele
e comem meu arrependimento.

E o tempo nos devora
eu sou sol, a furia me explodirá em vermelho.
Você nem notará, quando o tempo lhe devorar em azul

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